Google Analytics Alternative

EFEITOS DOS PROBIÓTICOS NA RENITE ALÉRGICA.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
O Staphylococcus aureus é o tipo mais importante de bactéria causadora de infecções em seres humanos, e existem vários fatores para que desencadeie problemas nasais, como sinusite crônica, alergias respiratórias e asma, entre outros. Quase todos os indivíduos terão alguma experiência com algum tipo de infecção causada pelo S. aureus ao longo de suas vidas, desde uma leve infecção na pele ou intoxicação alimentar até infecções graves e profundas. As pesquisas científicas com o Staphylococcus aureus, em geral, são realizadas com mais frequência devido às ocorrências de infecções hospitalares.

Por meio de estudos previamente realizados, sabe-se que existem vários fatores que contribuem para a ocorrência de problemas nasais pelo Staphylococcus aureus em adultos saudáveis. Tais fatores incluem tabagismo, anomalias anatômicas do nariz, sinusite crônica, diabetes com insulinoterapia, artrite reumatoide, hemodiálise, injúrias na pele de longa duração, alergias respiratórias, asma, terapia alergênica através de injeções, doenças crônicas e até o contato com pacientes. A rinite alérgica é uma doença inflamatória crônica do nariz e afeta aproximadamente de 10% a 25% da população mundial. Na Indonésia, a doença mais prevalente e conhecida é a rinite, e dados de diferentes hospitais mostraram que a frequência média está entre 10% e 26%.

A rinite alérgica não é fatal, mas os sintomas podem afetar a saúde e reduzir a qualidade de vida dos pacientes, incluindo a diminuição da produtividade, o tempo efetivo no trabalho e até o rendimento escolar. A doença é causada pela inflamação da mucosa nasal como reação imediata à imunoglobulina E (IgE), após exposição a um alérgeno (reação de hipersensibilidade tipo I de Gell e Combs). Distúrbios no nariz podem causar sintomas de coceiras – que podem se estender aos olhos e à garganta –, espirros e congestão nasal.

Probióticos são microrganismos vivos que, quando ingeridos, exercem um efeito positivo na prevenção ou no tratamento de condições específicas de doenças. O uso dos probióticos altera a composição da microbiota intestinal em certos grupos de alto risco, tais como bebês prematuros, pacientes com diarreia, crianças medicadas com antibióticos, pacientes com gastroenterites virais e algumas doenças atópicas, e se tornam úteis não somente pelas suas propriedades, mas também pelo fato de serem agentes de interação com a mucosa intestinal. As pesquisas recentes indicam que os probióticos exercem uma forte influência na regulação da fisiologia do sistema imunológico primário na barreira da mucosa intestinal.

Lactobacilos são probióticos capazes de realizar a fermentação para transformar substâncias que não são digeríveis no intestino para formar ácido lático, peróxido de hidrogênio e outros metabó­litos que inibem o desenvolvimento de bactérias patogênicas e fungos. Os lactobacilos produzem vitaminas do complexo B (niacina, piridoxina e ácido fólico) e a enzima lactase, que transforma a lactose em carboidratos de cadeia curta que contribuem no processo da digestão. Os lactobacilos e as bifidobactérias resistentes ao suco gástrico e à bile são capazes de aderir à parede do trato gastrointestinal para proteger a mucosa intestinal e são potenciais produtores de substâncias antimicrobianas, competindo com as bactérias patogênicas pelos nutrientes e aumentando a resposta imune das células fagocíticas.

Com a publicação de mais e mais evidências dos benefícios da modulação da microbiota intestinal com uso dos probióticos na prevenção e no tratamento de doenças atópicas, ficamos estimulados a investigar as suas propriedades sobre as rinites alérgicas. Este estudo teve como objetivo determinar os efeitos da suplementação com o Lactobacillus casei Shirota sobre os Staphylococcus aureus isolados de swabs nasais de pacientes com rinite alérgica. O experimento caso­controlado foi desenvolvido com um grupo controle acompanhado antes e depois dos testes. O estudo foi conduzido no Laboratório de Microbiologia e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Muhammadiyah Yogyakarta, na Indonésia, de fevereiro a julho de 2011.

VOLUNTÁRIOS INGERIRAM LEITE FERMENTADO POR UM MÊS
Os materiais utilizados para a análise microbiológica do Staphylococcus aureus neste estudo foram leite fermentado contendo Lactobacillus casei Shirota, meios de cultura agar sangue, agar sal manitol, reagentes para coloração de Gram, cotonetes de algodão esterilizados, placas de Petri, tubos de vidro, bico de Bunsen, autoclave, pipetas e pinças. Os dados foram coletados de 42 estudantes de Medicina da Universidade de Yogyakarta com históricos de rinite alérgica, que responderam a um questionário específico.

Após a análise do questionário dos participantes, procedeu-se a coleta das amostras de swab por meio de cotonetes de algodão esterilizados para contagem das colônias de Staphylococcus aureus. A partir daí, os voluntários ingeriram, durante um mês, o leite fermentado Yakult contendo Lactobacillus casei Shirota e, após este período, novas amostras de swab foram coletadas. A identificação do Staphylococcus aureus foi feita por meio do método específico de cultura.

Os swabs nasais dos participantes foram cultivados em meio agar sangue, incubados a 37ºC por um período de 24 horas. As colônias que se desenvolveram foram identificadas pelo método de coloração Gram. As colônias Gram-positivas, observadas ao microscópio no formato de cocos aglomerados, foram posteriormente inoculadas em meio de cultura agar sal manitol e incubadas a 37ºC por período de 24 horas. O teste MAS é considerado positivo se o agar sal manitol tornar-se amarelo. O Staphylococcus aureus vai fermentar o agar sal manitol, tornando o meio de cultura amarelo.

Com os resultados apresentados neste estudo caso-controlado podemos concluir que a suplementação com os probióticos Lactobacillus casei Shirota reduziu efetivamente a população de Streptococcous aureus nos pacientes com quadro de rinite alérgica. O estudo ´Os efeitos dos probióticos Lactobacillus casei Shirota no desenvolvimento das colônias de Staphylococcus aureus isoladas de swabs de pacientes com rinite alérgica` foi publicado no KnowledgeE Life Sciences – Volume 2 (2015) 124 – 128 Doi http://dx.doi.org/10.18502/kls.v2i1.130.

DIMINUIÇÃO DE COLÔNIAS
Após a análise das contagens totais para S. aureus antes e após a suplementação com o probiótico Lactobacillus casei Shirota durante um mês, observou-se a queda das colônias de Staphylococcus aureus nas amostras deswabs nasais de quase todos os participantes. Os resultados mostraram que a contagem média de S. aureusantes da suplementação foi de 92 Unidades Formadoras de Colônias (UFC). Após o consumo do leite fermentado contendo Lactobacillus casei Shirota, a contagem média caiu para 27 UFC. A análise estatística por meio do teste T apresentou um p < 0,05.
Este estudo demonstrou que a suplementação com L. casei Shirota por um mês pode reduzir a presença de S. aureus em isolados nasais de rinite alérgica. Os probióticos que atuaram na prevenção da alergia também ajudaram no desenvolvimento da homeostase, aumentando a capacidade de imunomodulação da resposta imunológica através do balanço de Th1 e Th2. Os probióticos têm a propriedade de atuar como um forte ativador do sistema imune inato por possuírem moléculas específicas na parede da célula, conhecidas como padrões moleculares associados aos patogênicos (PAMPs). As moléculas específicas PAMPs reconhecem os receptores específicos (receptores de reconhecimento de padrões específicos – PRRS).

Um dos PAMPs existentes nos probióticos é o ácido lipoteicoico (LTA), uma molécula biologicamente ativa, característica de bactérias Gram-positivas e que possui um impacto biológico (indução da produção de citoquinas) semelhante ao LPS. As moléculas de peptidoglicanas biologicamente ativas dos probióticos e o ácido teicoico na forma de padrão molecular associado aos patogênicos (PAMPs) são reconhecidos como receptores de reconhecimento dos padrões específicos no caso dos TLR2 e TLR4.

Os TLR2 e TLR4 induzem a transcrição de várias citoquinas pró-inflamatórias em resposta ao estímulo dos probióticos, que atuam como pontes entre o sistema imune inato e o adaptativo por meio da indução de uma variedade de moléculas efetoras e coestimuladoras. O sistema digestório atua como um elemento interno de proteção contra vários antígenos, derivados dos alimentos e de microrganismos externos. O trato gastrointestinal atua como elemento de defesa primário contra os antígenos, eliminando substâncias estranhas que atravessam a mucosa gastrointestinal e controlando as reações entre os antígenos e as respostas imunes específicas.

A microbiota intestinal e os probióticos podem influenciar o sistema imune do hospedeiro por meio de seus efeitos sobre a barreira da mucosa e amadurecimento do sistema imune. O efetor primário, conhecido como sistema imune inato, é um sistema não específico mediado pelos monócitos, macrófagos e células dendríticas. O sistema imune inato contribui para regular a função do sistema imune adaptativo antígeno­específico, como o perfil do balanço da resposta imune associado à citoquina ou ao receptor quemoquina.

Fonte: Yakult.

0 comentários:

Postar um comentário