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ÔMEGA 3 E DIABETES MELLITUS TIPO 2.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016
Nos dias de hoje, os hábitos de vida da sociedade moderna são em sua maioria caracterizados por dieta inadequada e sedentarismo, e isso têm trazido uma série de implicações para a saúde da população, como obesidade, resistência à insulina e a síndrome metabólica, que potencializam o risco para a ocorrência dediabetes mellitus tipo 2 (DM2). A doença tem alcançado proporções alarmantes, sendo considerada uma epidemia mundial. O número de indivíduos com diabetes poderá chegar a 300 milhões até o ano de 2025.

Considerada uma doença crônica, o DM2 é caracterizado pelo aumento da glicose no sangue, ou seja, a hiperglicemia.Esse aumento ocorre porque a insulina, hormônio responsável pela absorção da glicose pelas células, deixa de ser produzida pelo pâncreas, ou, então, passa a ser produzida de forma ineficiente não funcionando adequadamente.

Portadores de diabetes apresentam uma suscetibilidade maior aosprocessos inflamatórios: tanto os níveis de estresse oxidativo quanto os de inflamação encontram‑se elevados nos diabéticos. Pensando nisso, alguns nutrientes têm sido estudados com o propósito de diminuir os níveis de estresse oxidativo e de inflamação nessas pessoas.

Um desses nutrientes é o ácido graxo poli-insaturado ômega 3. Este ácido está relacionado com a diminuição de marcadores inflamatórios, produção de citocinas, coagulação e função endotelial, tendo em vista que o aumento do ácido graxo nas células dos músculos esqueléticos melhora a sensibilidade à insulina. Além disso, esse lipídeo aumenta os níveis de um hormônio chamado adiponectina, que é benéfico em processos que afetam o metabolismo, como a regulação do açúcar no sangue e processos inflamatórios.

Ômega 3 constitui um termo genérico que se refere a um conjunto de lipídios que possuem uma insaturação, ou dupla ligação, na posição n-3 das cadeias hidrocarbonadas. Como os mamíferos não apresentam enzimas que possuem habilidade de inserir dupla ligação nessa posição, esses ácidos graxos são considerados essenciais, portanto somente podem ser obtidos por meio da dieta ou suplementação.

Estudos mostram que a suplementação de ômega 3 traz efeitos benéficos à saúde dos portadores de diabetes. Estes benefícios estão relacionados, principalmente, com as alterações no perfil lipídico, melhora na pressão arterial, diminuição das concentrações de triglicerídeos sanguíneos e glicose plasmática, melhora na função endotelial e diminuição de marcadores inflamatórios.

Um estudo da Universidade de Ciências Médicas, no Teerã, analisou a suplementação com 2 gramas de ômega 3 diariamente no período de 3 meses, em 67 pacientes portadores de sobrepeso e diabetes tipo 2, e constatou que a suplementação foi capaz de diminuir significativamente os níveis de insulina, hemoglobina glicada e resistência à insulina.

Apesar de ainda serem necessários mais estudos para se conhecer melhor os efeitos do ômega 3, já é uma indicação de que muitas pessoas poderão se beneficiar. Além disso é importante enfatizar que, apesar da maioria das investigações se concentrarem na relação entre a suplementação e o melhor controle de DM tipo 2, a alimentação adequada, incluindo alimentos ricos em ômega 3, apresenta grande importância. São considerados alimentos ricos em ômega 3 os óleos vegetais (como o azeite, soja e a canola), sementes (como nozes e castanhas), vegetais verde-escuros (brócolis, agrião, espinafre), linhaça, chia e peixes de águas frias que não sejam de cativeiro (atum, salmão, sardinha). Estudo publicado em 2011 no American Journal of Clinical Nutrition mostrou associação entre o menor risco de DM tipo 2 e o consumo de fontes vegetais de ômega 3 entre chineses.

Por isso, inclua práticas alimentares que poderão te trazer benefícios:
Regue a salada com óleos vegetais, coma castanhas e nozes várias vezes na semana,
Inclua vegetais verde-escuros no almoço e no jantar,
Se tiver acesso a peixes de boa qualidade, inclua, pelo menos, três vezes na semana.

Referências:

– Brostow DP, Odegaard AO, Koh WP, Duval S, Gross MD, et al. Omega-3 fatty acids and incident type 2 diabetes: the Singapore Chinese Health Study. American Society for Nutrition. 2011; 10: 1-7.

– Costa JA, Balga RSM, Alfenas RCGA, Cotta RMM. Promoção da saúde e diabetes: discutindo a adesão e a motivação de indivíduos diabéticos participantes de programas de saúde. Ciências & Saúde Coletiva. 2011; 16(3): 2001-2009.

– Fernandes CAM, Junior NN, Tasca RS, Pelloso SM, Cuman RKN. A importância da associação de dieta e de atividade física na prevenção e controle do Diabetes mellitus tipo 2. Acta Sci. Health Sci. 2005; 27(2): 195-205.

– Harris WS. The Omega-3 Index: Clinical Utility for Therapeutic Intervention. Curr. Cardiol. Rep. 2010; 12: 503-508.

– Oliveira JM, Luzia LA, Rondó PHC. Ácidos Graxos Poli-insaturados Ômega-3: saúde cardiovascular e sustentabilidade ambiental. Segurança Alimentar e Nutricional. 2012; 19(1): 89-96.

– Raposo HF. Efeitos dos ácidos graxos n-3 e n-6 na expressão de genes do metabolismo de lipídeos e risco de aterosclerose. Rev. Nutr. 2010; 23(5): 871-879.

– Sapara KB. Efeitos da suplementação de ômega 3 e do exercício sobre os parâmetros de estresse oxidativo e proteína c reativa em diabéticos tipo 2. Porto Alegre. Tese [Mestrado em Ciências do Movimento Humano] – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2008.

– Sarbolouki S, Javanbakht MH, Derakhshanian H, Hosseinzadeh P, Zareei M, et al. Eicosapentaenoic acid improves insulin sensitivity and blood sugar in overweight type 2 diabetes mellituspatients: a double-blind randomised clinical trial. Singapore Med J. 2013; 54(7): 387-390

Fonte: Fsp. Usp.

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