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GUARANÁ É REPLETO DE BENEFÍCIOS.

quarta-feira, 3 de maio de 2017
O guaraná sempre foi associado a propriedades estimulantes, mas, nos últimos anos, a fruta típica da Amazônia brasileira passou a chamar atenção de pesquisadores por outros benefícios. Recentes estudos comprovaram que o guaraná tem potencial antioxidante, ação no metabolismo lipídico, efeitos antiobesogênico e anti-inflamatório, além de atividade antitumoral. Esses benefícios são possíveis porque o guaraná é capaz de diminuir os níveis de LDL-colesterol oxidado e de moléculas inflamatórias, sendo uma importante fonte de taninos – que reduzem o estresse oxidativo no organismo –, e induz à morte ou reduz o crescimento de células tumorais.

Os estudiosos acreditam que o guaraná tenha sido cultivado pelos índios Saterê­Maués. Embora seja considerado um alimento com propriedades medicinais há muito tempo, estudos populacionais sobre o efeito benéfico só foram conduzidos recentemente, com forte participação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, em conjunto com a Universidade do Estado do Amazonas. “Em 2009 analisamos, inicialmente, 1.802 dos 2.900 idosos de Maués e, posteriormente, 637 idosos com maior profundidade. A pequena cidade do Amazonas foi escolhida para pesquisas sobre saúde e longevidade devido à grande proporção de idosos com mais de 80 anos”, explica a doutora em Genética e Biologia Molecular e professora associada da UFSM, Ivana Beatrice Manica da Cruz.

Os idosos que ingeriam o pó do guaraná em água, com um pouco de açúcar ou mel, cinco ou mais vezes na semana, apresentavam menor prevalência de algumas doenças, como hipertensão, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares. Em dois anos, espera-se saber se a ingestão habitual poderia ter algum impacto direto na longevidade. “Paralelamente, conduzimos estudos em parceria com a Tokyo Metropolitam University, no Japão, com moscas das frutas tratadas com guaraná. Os resultados sugerem que a suplementação aumenta a vida das moscas, e aguardamos os resultados de Maués para confirmar”, diz.

A maioria das doenças crônicas tem relação direta com o estresse oxidativo do organismo e, por isso, a comprovação de que o guaraná é uma importante fonte de catequinas rendeu a uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) a capa da revista Food & Function, da Royal Society of Chemistry, do Reino Unido, em 2016. O estudo mostrou que o LDL-colesterol dos voluntários, após o consumo do guaraná, era mais resistente à oxidação, e o DNA dos linfócitos colhidos uma hora após o consumo sofreu menos danos quando submetido a um ambiente oxidante, indicando a presença de substâncias antioxidantes ou melhor desempenho do sistema antioxidante enzimático dessas células. Os ensaios clínicos foram feitos com 12 voluntários saudáveis que consumiram diariamente, por 15 dias, três gramas de guaraná em pó. “Embora ainda não esteja definida a quantidade ideal, os benefícios serão melhores quando o consumo for in natura, contínuo e faça parte de uma alimentação saudável”, esclarece o cardiologista integrante da pesquisa, Bruno Mahler Mioto, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor-HC-FMUSP).

Combate a doenças – Estudos conduzidos por grupos de pesquisa estrangeiros sugerem que o guaraná tem efeito antiobesogênico, e uma investigação feita por canadenses mostrou que a fruta era capaz de ter ação termogênica, aumentando o gasto de energia corporal. A equipe da UFSM testou a hipótese de que a ação anti-inflamatória seria a responsável pela diminuição de pe­so e, após estudos em seres humanos e em células, ficou demonstrado que o fruto era capaz de diminuir moléculas inflamatórias. “Por meio de estudos in vitro e in vivo descobrimos que o guaraná era capaz de diminuir os níveis do LDL-colesterol oxidado, molécula diretamente associada à formação de placas de aterosclerose que podem se romper e causar doenças cardiovasculares, e também era capaz de diminuir os níveis de colesterol total e LDL-colesterol”, enfatiza a professora doutora Ivana Beatrice Manica da Cruz.

Depois que estudos em ratos e células indicaram que o guaraná poderia ter efeito antitumoral e sugeriram que o uso em mulheres com câncer de mama aliviava a fadiga causada pela quimioterapia, o médico oncologista Everaldo Hertz, da UFSM, testou o efeito em células de câncer de mama, em oito tipos de fármacos quimioterápicos. Os resultados indicaram capacidade de potencializar os efeitos anticancerígenos destes fármacos. Outra pesquisa conduzida pelo grupo sugeriu que o guaraná teria efeito contra células de câncer colorretal. “Continuamos os estudos em parceria com a Universidade de Barcelona e os resultados mostraram que o guaraná induz a morte das células tumorais e inibe o crescimento das mesmas porque, de certo modo, diminui a energia destas células”, conta a cientista. Outros estudos mostram efeito hepatoprotetor e genoprotetor em ratos expostos ao cloreto de carbono, usado no passado em extintores e pesticidas; resultados positivos contra os efeitos tóxicos da exposição ao mercúrio; melhora da memória e cognição e efeito protetor em células expostas por muito tempo a campos magnéticos estáveis, que podem causar danos ao organismo e são emitidos por equipamentos, como computadores e celulares.

Aplicações terapêuticas
Baseados em relatos de populações que usam guaraná como imunossupressor, antipirético e analgésico, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estudam essas propriedades para que, futuramente, o guaraná possa ser utilizado em medicamento fitoterápico contra doenças inflamatórias, como artrite reumatoide, colite ulcerativa e psoríase, entre outras. A pesquisa começou em 2012 com o desenvolvimento de um método de análise do pó da semente de guaraná e seus extratos e posterior análise de sua ação sobre a inibição do Fator de Necrose Tumoral (TNF), que é considerado uma das principais citocinas inflamatórias e tem relação com diferentes doenças, entre elas artrite reumatoide, colite ulcerativa, doença de Crohn e psoríase.

De acordo com a professora doutora Rachel Oliveira Castilho, farmacognosia/fitoquímica da Faculdade de Farmácia da UFMG, o TNF desempenha papel-chave na inflamação aguda e crônica, por isso, muitas pesquisas têm buscado explorar o potencial desse mediador no tratamento de doenças inflamatórias. Entretanto, o número de fármacos desenvolvidos e aprovados para o tratamento de doenças inflamatórias mediadas por essa citocina ainda é pequeno, estando restrito a fármacos de base proteica. O custo elevado também restringe o amplo uso clínico, além dos efeitos adversos relacionados. “Os resultados até o momento são animadores. Após o desenvolvimento de método de análise, padronização de extrato e comprovação da atividade de inibição do TNF em cultura de células, estamos trabalhando na comprovação da atividade anti-inflamatória em animais de experimentação. Além disso, estamos avaliando a toxicidade e a farmacocinética do extrato padronizado”, relata.

Fonte: Yakult.

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